1. O que é Pensão Alimentícia e Quem Tem Direito?
A pensão alimentícia é uma obrigação legal que visa garantir a subsistência de quem não pode prover seu próprio sustento. Essa obrigação está prevista no Código Civil (arts. 1.694 a 1.710) e na Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/68).
1.1. Quem pode receber pensão alimentícia?
- Filhos menores de 18 anos: A pensão é obrigatória até atingirem a maioridade.
- Filhos universitários ou com deficiência: Pode ser estendida até os 24 anos, caso o filho esteja cursando ensino superior, ou por prazo indeterminado, caso o beneficiário tenha uma condição de saúde que o impeça de se sustentar.
- Ex-cônjuge ou ex-companheiro: Desde que comprovada a necessidade e a impossibilidade de sustento próprio.
- Pais idosos: Filhos podem ser obrigados a pagar pensão a pais que não possuem meios próprios de subsistência.
1.2. Quando o ex-cônjuge ou ex-companheiro tem direito à pensão alimentícia?
A obrigação de pagar pensão ao ex-cônjuge não é automática. Para que a pensão seja concedida, é necessário comprovar três requisitos principais:
- Dependência econômica: O cônjuge que pleiteia a pensão precisa demonstrar que dependia financeiramente do outro durante o casamento ou união estável.
- Impossibilidade de sustento próprio: Deve-se provar que não há condições de manter o próprio sustento, seja por falta de qualificação profissional, idade avançada, problemas de saúde, ou outra condição que impeça o trabalho.
- Capacidade financeira do alimentante: O ex-cônjuge que terá que pagar a pensão precisa ter condições financeiras viáveis para prestar esse suporte.
Quando a pensão ao ex-cônjuge pode ser concedida?
- Se o cônjuge ou companheiro dedicou-se exclusivamente à família e não possui renda própria.
- Quando o beneficiário tem idade avançada ou não consegue reinserção no mercado de trabalho.
- Quando o ex-cônjuge tem problemas de saúde que o impossibilitem de se sustentar.
Quando a pensão ao ex-cônjuge NÃO será concedida?
- Se o cônjuge tem renda suficiente para se manter.
- Se já estava empregado ou era economicamente ativo antes da separação.
- Se o casamento ou a união estável durou pouco tempo.
- Se o beneficiário contrair novo casamento ou união estável.
- Se a pensão tiver sido concedida apenas de forma temporária, com prazo para requalificação profissional.
📌 Jurisprudência: O STJ tem entendido que a pensão entre ex-cônjuges deve ser excepcional e transitória, com objetivo de garantir um período de adaptação para o cônjuge dependente buscar meios próprios de sustento.
2. Como é Calculado o Valor da Pensão Alimentícia?
A pensão é fixada com base no binômio necessidade x possibilidade, ou seja:
- Necessidade de quem recebe: Gastos com moradia, alimentação, saúde, educação, vestuário e lazer.
- Possibilidade de quem paga: Capacidade financeira do alimentante.
Quanto pagar de pensão alimentícia?
Não há um percentual fixo, mas os tribunais costumam estabelecer entre 15% e 30% dos rendimentos líquidos do genitor.
A base de cálculo inclui:
✅ Salário líquido (descontados apenas impostos obrigatórios)
✅ 13º salário
✅ Férias e horas extras
✅ Participação nos lucros (PLR)
✅ Adicionais salariais fixos (periculosidade, insalubridade, noturno)
O que NÃO entra na base de cálculo?
❌ FGTS
❌ PIS/PASEP
❌ Indenizações trabalhistas
❌ Aviso prévio indenizado
❌ Auxílios de caráter indenizatório (moradia, alimentação, transporte)
📌 Importante: Para autônomos ou empresários, o juiz pode fixar um valor fixo mensal ou estabelecer um percentual sobre a média dos últimos 12 meses de rendimento.
3. Como Reduzir o Valor da Pensão Alimentícia?
Se o alimentante enfrenta dificuldades financeiras, pode pedir a revisão da pensão.
Quando é possível pedir a redução da pensão?
- Perda de emprego ou redução salarial.
- Doença grave ou incapacidade para o trabalho.
- Nascimento de outro filho (desde que a nova obrigação comprometa significativamente sua renda).
- Mudança de guarda (se o filho passar a morar com o alimentante).
Como solicitar a revisão?
- Comprovar a alteração financeira com holerites, carteira de trabalho, laudos médicos, etc.
- Entrar com ação revisional no juízo onde a pensão foi fixada.
- Demonstrar que o valor atual tornou-se inviável.
📌 Jurisprudência: O STJ tem decidido que a pensão pode ser reduzida quando há uma significativa mudança na condição econômica do alimentante, desde que isso seja comprovado.
4. Como Exonerar (Cancelar) a Pensão Alimentícia?
A pensão pode ser cancelada quando o beneficiário não precisa mais desse suporte.
Quando é possível pedir a exoneração?
✅ Filho atinge a maioridade e é financeiramente independente.
✅ Conclusão da faculdade (caso a pensão tenha sido estendida).
✅ Ex-cônjuge inicia nova união estável ou casamento.
✅ Mudança de guarda (se o filho passar a residir com o pagante).
Procedimento para exoneração
📌 O simples fato de o filho atingir 18 anos NÃO extingue automaticamente a pensão.
📌 É necessário ingressar com Ação de Exoneração de Alimentos e provar que a necessidade cessou.
5. O que Acontece se Não Pagar a Pensão?
O não pagamento da pensão pode gerar sanções graves:
🔴 Execução de alimentos: Penhora de bens e bloqueio de contas.
🔴 Prisão civil: Se houver atraso superior a três meses, o devedor pode ser preso por até 90 dias (art. 528, CPC).
🔴 Suspensão de CNH e Passaporte: O juiz pode determinar a restrição desses documentos.
Como evitar a prisão?
✅ Negociar um acordo extrajudicial com o credor.
✅ Solicitar parcelamento da dívida.
✅ Comprovar dificuldades financeiras e pedir a revisão judicial.
📌 Jurisprudência: O STJ tem reforçado que a prisão civil só pode ser aplicada nos casos de pensão alimentícia devida a filhos menores. Para ex-cônjuges, as dívidas devem ser cobradas via execução comum.
6. Honorários Advocatícios e Custas do Processo
Os valores podem variar conforme a complexidade do caso e a região.
📌 Justiça gratuita: Pode ser solicitada por quem comprovar insuficiência de recursos.
Conclusão
A pensão alimentícia deve ser proporcional às necessidades do beneficiário e às possibilidades do alimentante. Para evitar problemas, mantenha os pagamentos em dia ou busque a revisão judicial sempre que necessário.
Caso precise de orientação específica, consulte uma advogada especializada em Direito de Família para Homens.
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Advogada Tatiane Oliveira da Silva – 21 anos de experiência em Direito de Família para Homens, com ênfase em Divórcio, Partilha de Bens, Alienação Parental e Revogação de Medida Protetiva. Escritórios em Porto Alegre/RS e região metropolitana. Atendimento online em todo o Brasil e exterior.
Serviços: Divórcio, Dissolução de União Estável, Guarda, Alienação Parental e Revogação de Medida Protetiva.
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